A Pedra da Loucura
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Também chamada de Pedra da Folia*, era, no imaginário coletivo medieval, uma suposta pedra alojada na cabeça dos tolos, sendo a causa primária de sua loucura.
A pintura “Alegoria da Loucura” do artista flamengo Quentin Massys, feita logo após a publicação da obra “Elogio da Loucura” de Erasmus de Roterdão, retrata a loucura com adornos típicos da folia: cabeça de galo, orelhas de asno, báculo e a pedra da loucura na testa.
É um tema popular nas pinturas de artistas holandeses dos séculos XV-XVII. Em holandês, “pedra na cabeça” significa estupidez, e a expressão “cortar uma pedra” significa trapacear. Portanto as cenas retratadas nestes quadros estão mais relacionadas com o charlatanismo do que com procedimentos reais de trepanação — a abertura de um buraco no crânio do paciente com uma broca.
Antítese da Pedra Filosofal, busca primária dos alquimistas da Idade Média ao Renascimento, a Pedra da Loucura precisava ser removida. Normalmente a pedra é retratada acima da testa ou atrás da orelha. A careta do paciente e o rosto concentrado do operador criam um efeito cómico. Para Rembrandt, a operação é realizada no escuro, para Bosch, ao ar livre, para Jan Steen a operação é feita em um palco e a pedra extraída é mostrada ao público. Dessa forma os artistas ilustram o absurdo desse procedimento.
Um dos primeiros a retratar essa operação foi Bosch. Sua pintura data de 1475–1480. Nela, um médico charlatão com um funil na cabeça remove não uma pedra, mas uma tulipa, outra flor já está na mesa. A inscrição ornamental na pintura diz: “Mestre, remova a pedra. Meu nome é Lubbert Das”. Lubbert é um substantivo comum que significa “bastardo”, “simplório”.
- O Fole ou o Louco: https://www.facebook.com/decopepper/posts/2929995893946176